Como organizar o tempo de estudo com o aluno: usando agendas

A competência 6 Trabalho e Projeto de Vida, prevê que os estudantes possam compreender o mundo do trabalho e, posteriormente, fazer suas escolhas alinhadas à cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, criticidade e responsabilidade.

Para que isso seja possível, ao longo de sua formação que se inicia na Educação Infantil e encerra no Ensino Médio de modo contínuo e integrado, precisamos propor situações de aprendizagem que possa desenvolver o conjunto de habilidades necessárias para chegarmos a esta competência.

Dentre estas habilidades a serem trabalhadas, que colabora com a competência 6, está o planejamento do nosso tempo, a organização de nossas tarefas, a definição de metas e a construção de ações para conquistá-las.

E isto começa com o planejar sua própria rotina. Como administrar nosso tempo de modo assertivo e com qualidade? Isto não é tarefa simples e precisa ser aprendida.

Estratégias presentes em nosso cotidiano escolar podem colaborar com esta aprendizagem, desde a Educação Infantil.

Precisamos ajudar nossos alunos a pensarem como planejar melhor suas ações com:

  • Gestão inteligente do seu tempo.
  • Melhor desempenho e maior número de tarefas realizadas.
  • Menos tempo desperdiçado com atividades improdutivas.
  • Menor preocupação com as pendências e, por consequência, menos estresse e ansiedade.
  • Poucas chances de que algum imprevisto atrapalhe ainda mais a sua rotina.
  • Nada de problemas acumulados.
  • Tempo livre e melhora na qualidade de vida.

Neste artigo vamos falar sobre o uso da agenda como ferramenta de estabelecimento de metas e planejamento de ações e organização de tempo.

Presente na rotina escolar, muitas vezes é usada como forma de registro de tarefas apenas, esquecendo-se o detalhe de como estruturar ações para que estas tarefas sejam feitas. É comum vermos os alunos, na véspera da entrega de uma tarefa ou trabalho, não terem feito o que era pedido ou não terem o hábito de consultar suas anotações, ficando seu uso mais escasso entre as turmas dos anos finais e ensino médio.

Você pode se perguntar, mas anotar tarefas em uma agenda não combina mais com uma escola que usa tecnologia? Se a agenda é eletrônica ou de papel não é o importante, o que vale é o processo de planejamento.

Repare que hoje no mercado cresceu a venda de Planner, um organizador que nos convida a planejar nossa vida pessoal, profissional, nossas finanças, nossa saúde, alimentação, nossos desejos, nossas reações, a definir metas para estes setores, organizar como colocá-las em prática e avaliá-las periodicamente, além de nossos compromissos diários. Um grande desafio para nós adultos não é mesmo? Agora pense, se o mercado vende este tipo de objeto que exige estas ações, não será porque são necessidades deste novo mundo que vivemos? Estas ações descritas neste Planner não são as habilidades para desenvolvermos a competência 6?

A intenção aqui não é vender Planner, mas mostrar como isto está presente em nosso cotidiano. Para vivermos nesta nova era em que trabalhamos cada vez mais por conta própria e precisamos dar conta de múltiplas tarefas, precisamos aprender a planejar todas as etapas.

Algumas sugestões que podem potencializar o uso da agenda e desenvolver as habilidades esperadas:

  • Discutir sua função: desde os anos iniciais discutam com as turmas qual a função de fazermos o planejamento de nossas ações, de como devemos pensar os processos, que não basta anotarmos um compromisso e não pensarmos em como vamos executá-lo.
  • Planejar tarefas: desde a Educação Infantil, ajude-os a compreenderem como pensar as etapas para execução de uma tarefa. Por exemplo: preciso entregar um trabalho em 15 dias. Quais os passos para fazê-lo? Vou dividir sua produção em quantos dias?
  • Aprender a fazer check-list: o que preciso fazer hoje? Qual a ordem de prioridades?
  • Aprender a fazer check-out: conferir a lista de atividades do dia, o que deu certo e o que não deu, o que mudou, o que precisa de mais tempo.
  • Aprender a planejar nossos desejos: o que eu quero nesta semana, neste mês, neste bimestre, neste ano. Por exemplo: eu quero nesta semana assistir ao filme X, farei isso na segunda a tarde. Eu quero neste mês ler o livro Y, para isso vou destinar pelo menos 30 min por dia para esta tarefa. Eu quero neste bimestre comprar uma bola, para isso vou guardar metade da minha mesada nos próximos dois meses.
  • Planejando meu dia, minha semana, meu mês: ajude-os (mesmo os pequenos) a pensarem em como dividirão o dia com tarefas escolares, de exercícios físicos, alimentação, descanso, diversão. Ajude-os a sempre planejarem, executarem e reverem ao final do período e assim, rever as ações e a distribuição do tempo.

Para que haja o real aprendizado é preciso que nós oportunizemos estas situações para os alunos e, principalmente, que comecemos a inserir as tarefas nos esquemas de rotinas pessoais dos estudantes, dando-lhes a responsabilidade de planejarem e executarem suas tarefas e a projetarem suas vidas de modo mais pontual e ativo.

Quando começamos a rever o uso de um simples objeto como a agenda, estamos sendo convidados a rever nosso olhar sobre processos, planos e metas, propondo situações de aprendizagem de processos e não de anotações de tarefas para contribuirmos com a formação integral de nossos alunos.

Que tal mudarmos o nosso jeito de planejarmos nossa vida e incluirmos isso em nosso fazer pedagógico também? Fica aqui o desafio de deixarmos de programar tarefas para cumprir metas, traçando caminhos e processos.

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Artigo escrito por:

Tatiana Pita

Tatiana Pita

Pedagoga formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, com especialização em Psicopedagogia pela UNIP. Mestre em Educação pela PUC-SP, no programa História, Política e Sociedade, atua como docente nos cursos de graduação em Pedagogia e em programas de pós-graduação na área educacional.