A importância do brincar na educação infantil

“O brincar é a mais alta forma de pesquisa.”
Albert Einstein

Infelizmente, ao crescermos esquecemos da importância que o brincar tem em nossas vidas, e por
isso não damos o devido valor a este momento. Brincar é ler o mundo, é senti-lo e compreendê-lo, é
dar vida as emoções e sentimentos para construir saberes.
E por ser uma ação indispensável para a formação integral das crianças, a BNCC define o brincar
como um dos seis direitos de aprendizagem a serem garantidos na Educação Infantil.

“Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços
e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e
diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua
imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais,
sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais.” (BNCC – pág. 38)

Quando nós adultos pensamos no brincar isto nos remete aos brinquedos e aos espaços para a
brincadeira. Contudo brincar não está relacionado a objetos ou lugares, mas a imaginação,
curiosidade e experimentação, como nos convida a refletir e planejar a BNCC.

Uma criança é capaz de brincar com seu corpo, com os sons, dentro de um carro olhando para o céu,
sentado em sua cama e imaginando cenários, histórias, transformando objetos em elementos que
deseja para sua criação.

Jean Piaget definiu o brincar como o “trabalho da infância.” Mas para que este “trabalho” dê bons
frutos, neste caso, auxiliem no desenvolvimento de habilidades e competências que contribuam para
a formação integral da criança, precisamos fornecer ambientes que possam desafiar a imaginação, a
curiosidade e a experimentação, dando a ação do brincar o caráter lúdico, como nos explica John
Dewey que considera a ludicidade mais importante que a brincadeira, pois a primeira é uma atitude
da mente e a segunda uma manifestação externa momentânea desta ação. (cf. RESNICK, 2020).

Ao oportunizarmos momentos de exploração livre na Educação Infantil, a criança poderá criar,
experimentar, testar, refazer. Estas ações, presentes no caráter lúdico do brincar, são também
elementos de uma aprendizagem criativa que contribui com a formação de um indivíduo capaz de
solucionar problemas por meio da inovação e da criação, ponto chave para este novo século.
Como nos fala Loris Mallaguzzi, “(…) a criança tem cem linguagens, mas lhe tiram noventa e nove”.
Não podemos mais praticar isso se esperamos formar de modo integral o sujeito do século XXI, que
está inserido no mundo globalizado, plural e em constante transformação.
É por isso que a BNCC nos apresenta o brincar como direito, que deve ser garantido e respeitado, em
uma escola que permita a criança a explorar, testar, refazer, expressar, participar, construir,
comunicar.
E como podemos fazer isso? Vejam algumas sugestões:

  • Brinquedos desconstruídos: utilizando caixas de tamanhos variados, espalhar por uma área livre
    (quadra, parques, áreas externas). As crianças poderão brincar livremente com as caixas. Observe
    com criam funções e brincadeiras para as caixas.
  • Espaços livres: espaços com liberdade de movimento possibilitam as criações dos cenários e
    brincadeiras. Importante observação: quando as crianças estão explorando os espaços e criando suas
    brincadeiras, o professor deve ficar atento e registrando estas ações. Observar uma criança
    brincando é o melhor instrumento para perceber como ela se desenvolve, lê e compreende o
    mundo.
  • Gestos, movimentos, expressões: explorar o corpo dançando, encenando (não personagens
    marcados, mas de situações criadas no momento), cantando, sentindo cheiros, mexendo na terra,
    brincando com a água, molhando os pés e as mãos nas tintas e caminhando pelo papel. Sentir e
    explorar o mundo e suas linguagens.
  • Oficinas maker: oferecer para as crianças todo o tipo de material possível e deixá-las criarem.
    Novos brinquedos, novos utensílios. Convide-as a apresentarem suas criações e a explicarem a
    função.
  • Brincar e sentir o ambiente: explorar os sentidos em ambientes variados com utilização de texturas
    diferentes, circuitos sensoriais, observar nuvens e narrar o que viu em suas formas.

O mundo precisa de pessoas que o vejam com olhos de criança. Todavia, para que isso aconteça,
precisamos oportunizar a todos estes momentos lúdicos. Que a ludicidade esteja presente não só
nos espaços escolares da Educação Infantil, mas em todos os demais segmentos escolares, em nossas
casas e em nossas vidas.

Que a experimentação, a curiosidade e a imaginação estejam presentes em nossa vida adulta.

Referências bibliográficas:
EDWARDS, Carolyn; GANDINI, Lella; FORMAN, George. As cem linguagens da criança. Vol. 1. Porto
Alegre: Penso, 2018.
RESNICK, Mitchel. Jardim de infância para a vida toda: por uma aprendizagem criativa, mão na
massa e relevante para todos. Porto Alegre: Penso, 2020.

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Artigo escrito por:

Tatiana Pita

Tatiana Pita

Pedagoga formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, com especialização em Psicopedagogia pela UNIP. Mestre em Educação pela PUC-SP, no programa História, Política e Sociedade, atua como docente nos cursos de graduação em Pedagogia e em programas de pós-graduação na área educacional.